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TRADUTOR

Friday, November 14, 2014

QUIMERA




Não vês, menina, o outono
desfolhar a minha vida?
Sonhos desfeitos em abandono,
longa estrada percorrida?
E me vens assim tão destemida
dizer que amas a minha solidão,
tu, quase menina ainda,
a oferecer-me pétalas de ilusão.
Mal sabes do que é feito
um poeta já sem inspiração,
desencantado de sonetos,
tantas cicatrizes no coração.
Vais, esquece essa quimera:
tu és o amanhã, o sonho;
eu, o que não mais se espera –
não pode, meu amor, o outono
abraçar a primavera.





Alex Brasil

Tira-gosto