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Monday, November 12, 2012

O MAU SAMARITANO






Quantas vezes tenho passado perto de um doente, 

Perto de um louco, de um triste, de um miserável, 

Sem lhes dar uma palavra de consolo. 

Eu bem sei que minha vida é ligada à dos outros, 

Que outros precisam de mim que preciso de Deus 

Quantas criaturas terão esperado de mim 

Apenas um olhar – que eu recusei.






MURILO MENDES
In: A poesia em pânico. Rio de Janeiro, Cooperativa Cultural Guanabara, 1938.

Tira-gosto