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TRADUTOR

Monday, February 21, 2011

...E O TEMPO CHOVEU TODOS OS INVERNOS



            

            Anca maldita à minha frente. Um convite ao destempero das estradas, à sevícia dos versos. Chalvinski me traz Bukowski. Abro uma garrafa diante do Temporal. Alimento a única via da nossa verdade. Degusto em goles mínimos à proporção das linhas que bebo em devaneio. A poesia e essas coisas do mundo, prontas para o abate. A poesia esquarteja e, por vezes, reconstrói. No caso de Marcello Chalvinski e seu Temporal, ela repica, fere, molha, limpa, suja, escorre, enlameia e brilha
            Há de cessar o Temporal para que o retorno à estupidez dos dias me conceda um outro breviário de chuvas. Há de cessar o Temporal para que as distâncias tomem conta das delicadezas. Para que se apodreça ao domínio de um sol exposto aos covardes contemporâneos. Aliás, amigo Marcello, como bem dizes: “nadaque me valha. Se não crio desordem, minha alma falha”.
            Aos bruxos, um brinde! Que os insones se lancem ao último banquete. Endiabrados, que eles lacerem braços, órgãos, seios, lóbulos. Que se fartem. me deixem as ancas. Sou possesso por aquelas velozes. Diante da chuva




Antonio Pastori

Tira-gosto