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TRADUTOR

Tuesday, February 14, 2017

COISA REAL




Porque sei que a medida
De um homem é seu poema,
Que o poema é do homem
Seu tamanho real,


Minha função é a de um cego
Debaixo de uma ponte,
A subir pela mente
Sem as luzes do sol.


Servos da eterna noite,
Vendo apenas o tempo
Entre beijos do efêmero
E os abraços do vento,


Meus olhos, voltados
Para dentro, são sólidos
Como os de dois pregos
Por uma tábua entrando.


Para compreender
A insignificância
Do mundo circundante,
As flores, quando as colho,


São de um chão inexistente
Nas corolas do azul.
Como palavra andando
Num coração humano


Que jamais morrerá,
Só no poema eu existo
Para a ressurreição
Até das minhas vísceras.








Poema: Nauro Machado
(in Percurso de Sombras)
Arte: Tom Colbie

Tira-gosto