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TRADUTOR

Saturday, February 26, 2011

DELÍRIOS II - ALQUIMIA DO VERBO





(Da série Influências)



Para mim. A história de minhas loucuras. Há muito me gabo de possuir todas as paisagens possíveis e tenho como ridículas as celebridades da pintura e da poesia moderna.

Amo as pinturas idiotas, vãos de portas, bugigangas, panos de saltimbancos, estandartes, estampas baratas, literatura fora de moda, latim eclesiástico, livros eróticos sem ortografia, romances antigos, contos de fadas, contos para crianças, velhas óperas, refrões ingênuos, ritmos simplíssimos.

Sonhei cruzadas, viagens de descobrimentos das quais não existiam relatos, repúblicas sem histórias, guerras de religião sufocadas, revoluções de costumes, movimentos de raças e de continentes: acreditei pois em todas as magias.

Inventei a cor das vogais! - A negro, E branco, I vermelho, O azul, U verde - Determinei a forma e o movimento de cada consoante, e, com ritmos instintivos, procurei inventar um verbo poético acessível, mais dia, menos dia, a todos os sentidos. Era comigo traduzi-los. Foi primeiro um experimento. Escrevia silêncios, noites. Anotava o indizível. Fixava vertigens.




Poema: Arthur Rimbaud

Arte: Tom Colbie




Arthur Rimbaud



Tira-gosto