acorda
insana querida
liberta os cabelos & sente
o obscuro azul dessa noite ardente
levanta & vem
febril
delicada
úmida
repentinamente
eis a vida que mana
linda & inclemente:
é maliciosa
como quem rouba
é ardilosa
como quem mente
salta
(ágil & bela)
sobre as desrazões
aritméticas
como uma fera
abandona o quadrilátero
hermético do sonho
vence os limites geométricos
desse paraíso medonho
vem sentir
o que a rua celebra
hino de novalis
luzes & ribaltas
discurso de klinger
&
de quebra
luas altas
sombras
músicas de flauta
passeia elegante
entre os acordes reticentes
respira o ar duro
dessas artérias quentes
ouve minha canção ensandecida
enredo vívido de farras vividas
samba-rock de asfalto & trevas
não há quedas
sobre estas pedras de outros tempos
basta instilar
teu perfume nos ventos
vem incontinenti
vem silente
baila sob o zênite
com teus sapatos negros
de shopping center
entre o exit & o êxito
não hesite
enter
Poema: Marcello Chalvinski (TEMPORAL - Brancaleone Ed. 2005)
Arte:Tom Colbie