no vão
dos meus pensamentos erráticos
prefiro desenhar o tempo
os aéreos cabelos teus
quero aqui esboçar cogumelos
psilocybes aéreos
na química dos vendavais
matizarei palavras em flor
&
a abstração do músico
estamparei no espaço da fala
a minha fotografia falada
do tempo !
crônons
macunaíma
direi também que não existo
da mágica imagética
tenho horror à dialética
encaro as mandíbulas
da fera apoplética
da incerteza
& pincéis imantados
de física quântica
hei de expressar a temporalidade
& a eterna ânsia
de vencer com palavras
o monstro destruidor de coisas
engendro assim
o cavaleiro pária
& bicicletas roubadas aos amigos
romperei os grilhões
os vôos acrobáticos
corre em mim o fino prazer
dos desafios
serei contudo gentil
se é tempo de chuva
se é tempo de estio
de friedmann
manhãs-maçãs
uvas-messalinas
há psicotrópicos
& pégasos
de orvalho entrópico
há elos
dialelos
& divinas musas
de seios belos
(repetirei em verso tátil )
empunharei o contratempo
do momento
é uma noção sem sustento
de mãos dadas
vamos nos lançar ao vento
os relógios
os sinos já não dobram
os demônios já não tentam
vamos meu amor atento
vamos de mãos dadas
Poema: Marcello Chalvinski
Arte: Tom Colbie
Arte: Tom Colbie