filamentos lunares
perfuram nuvens
carregadas de hipertextos
ora direis
ouvir estrelas
os casarões da ilha
resistem à gargalhada
atroz dos arranha-céus
salta clown!
o aguaceiro ainda lambe
as pedras de cantaria
&
do alto do parnaso
cérbero espia
vê como é fria
a carne descontextualizada
fina flor dessa agonia
boa noite sol
até um dia
quando eu acabar
com aquela garrafa vadia
(tubulações aéreas
vazam fluido anti-solar)
no ar
o sorriso misericordioso de irene
pende spleen & ideal
fusão sinóptica de idéias
em desnexo visual
antroponáutica
antropofagia
antro pária
vê:
é só demiurgia
eletricidade paliativa
para a fadiga
da orgia
ora direis
ouvir estrelas
o azar é um dançarino
desvirgem
despalavra
desverbo
desfrase
desverso
desrima
a virgem
que encontrei
é crua a vida
alça de tripa & metal
atenta:
loucos são todos em suma
prostitutas de maldoror
ainda uma vez
adeus!
prostitutas de macondo
só vou por onde
me levam meus próprios passos!
prostitutas de pasárgada
ora direis
ouvir estrelas...
toma um fósforo
& acende o teu cigarro
vêm aí
os vagalumes idiotas
os alcalóides à vontade
& as chuvas de quatro anos
ai de ti copacabana
pátria amada
salve
salve-se
se eu fizer poesia
com a tua miséria
sorte no jogo
azar no amor
POEMA: MARCELLO CHALVINSKI
ARTE: TOM COLBIE