MINHA LINDA AMANTE DAS
NUVENS*
move-se em perfumes
& não me ama
perdida no tempo
rara & feita
de uma esperteza dos céus
rarefaz-me
& esbelta
trama, ri, espreita
a controlar gestos
por entre véus
sei que caça seu amor pelos ares
(quem sabe em todos os lugares)
bem perto da noite
que me funde a seu breu
manipula o vento
com os dedos lisos
a quem nada escapa
nem o pássaro
que passa
____________
a
cabeça de um homem
numa
bandeja
toda
mulher deseja**
____________
*Marcello Chalvinski
**Lúcia Santos
CARTA AO POETA PASTORI*
Amigo / meu coração se apertou descompassado
estive triste colhendo ocasos
- aquelas borboletas na janela
aprisionaram crisálidas sem tempo / & invadiu o meu sótão
uma miríade de ratos
- - meu coração apertado
tingido de paixões
bombeou aos vis pulmões
o sangue quente & nacarado
- tornei-me refém de tubarões
no oceano do inimaginado
---mas
antes que o último coqueiro
tombe sobre o último poema
caminharemos abraçados
de panaquatira à piatã
- frustraremos automóveis dissonantes / incendiaremos bancas de revista &
mijaremos na fogueira de todas as vaidades
estive triste colhendo ocasos
mas o acaso quis
que dentro do poema
houvesse ânimo
amizade & gasolina
era outubro ou nada
beijei minha baby vestal
& lancei mão de minha escopeta de idéias
disparei inclemente
contra os demônios
que infeccionavam minhas manhãs & cheio de manhas
derrotei meus torpes algozes
amigo
meu coração se apertou descompassado
mas os dias
nem sempre começam
tão bem quanto terminam
*Marcello Chalvinski
Ao poeta faz bem desexplicar
Tanto quanto escurecer Acende os vaga-lumes*.
_________
Tanto quanto escurecer Acende os vaga-lumes*.
_________
BABY VESTAL **
do
alto da torre
em
chamas
minha
amada
chama
por mim
- a dor é espessa
mas
todos os segredos
estão
sob minha capa
- com a alma envolta
em
denso outono
cerro
nos dentes
o
inverno que aflora
&
minha amada
protegendo
meu sonho
desfaz
as tranças
&
sonha
à minha espera
Viver é
como amar: toda a razão é contra, mas todos os instintos são a favor.***
*Manoel de Barros
**Marcello Chalvinski
*** Samuel
Butler
DIVERBIUM*
perfuram nuvens
carregadas de hipertextos
- ora direis ouvir estrelas...
os casarões
da ilha
resistem à gargalhada
- salta
clown!
o aguaceiro ainda lambe
as pedras de
cantaria
& do alto
do parnaso
cérbero espia
a carne
descontextualizada
boa noite sol
(tubulações
aéreas
vazam fluido
anti-solar)
no ar / o sorriso
misericordioso de Irene / pende spleen & ideal
- fusão sinóptica de idéias
antroponáutica / antropofagia
- ora direis
ouvir estrelas
o azar é um dançarino
desvirgem / despalavra
desverbo / desfrase
desverso / desrima
a virgem / que
encontrei
- é crua a vida alça de tripa
& metal ! atenta: loucos são todos em suma
prostitutas de maldoror: ainda
uma vez adeus!
prostitutas de macondo: só vou por
onde me levam meus próprios
passos !
prostitutas de pasárgada: ora direis ouvir estrelas ...
& acende o teu
cigarro
vêm aí
os vagalumes idiotas/os alcalóides
à vontade
& as chuvas
de quatro anos
ai de ti Copacabana
pátria amada / salve/
salve-se
se eu fizer poesia
* Marcello Chalvinski
GUARDAR* uma coisa não é escondê-la ou trancá-la
Em cofre não se guarda
coisa alguma.
Em cofre perde-se a
coisa à vista.
Guardar uma coisa é
olhá-la, fitá-la, mirá-la por admirá-la,
Isto é, iluminá-la ou
ser por ela iluminado. // Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília
por ela,
Isto é, velar por ela,
isto é, estar acordado por ela,
Isto é, estar por ela
ou ser por ela.
Por isso melhor se
guarda o voo de um pássaro
Do que um pássaro sem
voos.
Por isso se escreve, por
isso se diz, por isso se publica,
Por isso se declara e
declama um poema: Para guardá-lo:
Para que ele, por sua
vez, guarde o que guarda:
Guarde o que quer que
guarde um poema: Por isso o lance do poema: Para guardar-se o que se quer
guardar.
Eu
estive...
...onde um menino**
À escuta
Do verão dos mortos sussurrava a verdade de seu êxtase
Às árvores e às pedras e ao peixe na maré.
E todavia o mistério
Pulsava vivo Na água e nos pássaros canoros.
E ali podia eu maravilhar-me com meu aniversário
Que fugia, enquanto o tempo girava em derredor.**
À escuta
Do verão dos mortos sussurrava a verdade de seu êxtase
Às árvores e às pedras e ao peixe na maré.
E todavia o mistério
Pulsava vivo Na água e nos pássaros canoros.
E ali podia eu maravilhar-me com meu aniversário
Que fugia, enquanto o tempo girava em derredor.**
*Antônio
Cícero
**Dylan
Thomas
HOLOGRAMA*
No
coração
(lá
onde as lâminas trespassam)
teu
cheiro ainda veste
o
azul da paixão dulcíssima
&
como um uísque
teus
seios dourados brilham
extasiando
minha memória
de
bardo demoníaco & bêbado
ah,
minha doce putinha!
cinematográfica
tua
boca se expande
em
sorrisos etéreos
pudessem
meus olhos afiados
cortá-Ia
em macias tiras
fazê-Ia
em pedaços
&
meus dentes deliciados
esqueceriam
os cansaços
para
saciar-me da mais fina carne
em
holográfica memória
ainda
posso sentir tua pele
poro
a poro
tua
aura em gemidos
tua
alma queimando na suprema perdição
da
entrega
ah,
como é doce ver
você
umedecer
&
nos meus braços
gritar
gritinhos molhados
com
a voz tão mansinha
que
de tão sua
é
toda minha
guarda,
pois, tua mandala
&
prepara a taça para que eu a encha
com
o vinho dos meus hormônios
só
assim, doce bruxinha,
eu
te mostrarei meu pentagrama.
“Dá-me,
ó amada, de olhos vítreos
que
te celebre nos jardins suspensos
onde
o delírio abriu as pétalas do álcool.” **
*Marcello
Chalvinski
**Haroldo
de Campos
OCEANUS
PROCELARUM*
1 . a tempestade
chegou vestida
de negro
na exatidão mais que cruel
de seus cabelos
trouxe consigo
o vento
& agitou inteiro
na vaga
compunha-se destruidora
a cadência com que andava
deusa vestal
a tempestade
exibia
o lampejo abissal
de seus raios
2 . a tempestade
se foi
alçou a noite
insana
& eu
a verbo
a fogo
a blues
a nu
gritava
baby junk
where are you?
*Marcello
Chalvinski
HEBDÔMADA VERTICAL*
estou com você caindo do céu entre lagartos
& gritos
para que não fiques aflita
ordeno a ditongos
& canivetes
de proparoxítonas
- duendes & magos
na ortodoxa ortoépia dos mitos
ao meu sinal ábdito
recitam versos-delitos
estou com você caindo do céu entre lagartos & gritos
o escuro assombroso
da nuvem abaixo
as casas pobres
tombam sobre
jardins ósseos
na escuridão triste
das lâmpadas
despedaçadas
vamos velozes
por entre
os raios que
se engastam à trombeta dos trovões
há suaves flores tóxicas
há macios espelhos d´água
há telefones
& capim-limão
- somos o que
vai entre a chuva
perfurando a ventania
atravessaremos juntos
as vidraças
do temporal
& solveremos o asfalto
das recorrências
infiltrando múltiplas
& sutis incoerências
penetraremos os esgotos
& rasgaremos ávidos
os frios
lençóis freáticos
desaguaremos no oceano
& voltaremos como
milhões
estou com você caindo do céu
*Marcello
Chalvinski
Sonhei penhascos
Quando havia o jardim
Aqui ao lado*
CAMPO DOS ESPELHOS**
sob este céu caleidoscópico
as paixões são borboletas exatas
pegam o ritmo do vento
& vivem à mercê de suas correntes
lépidas
óbvias
obsessivas
lepidópteras
seduzidas pela eterna deriva
só elas compreendem
a arquitetura viva
destes canteiros imensos
onde as raízes que dormem
são amáveis flores invertidas
Puro mel
porque te amo***
o modo como você se move é tigre
fim de tarde, arrebol
porque te amo
o modo como você sorri
mesmo quando chove
faz sol
porque te amo
o modo como você olha
perfuma, afeta, arde, tinge
porque te amo
o modo como você fala
incendeia, colore, atinge
porque te amo
o modo como você cala
é imponência, majestade, esfinge
porque te amo é tudo mel
puro prazer
* Hilda
Hilst
** /
*** Marcello Chalvinski
POR CAUSA DE JANDIRA*
O mundo
começava nos seios de Jandira.
Depois
surgiram outras peças da criação:
Surgiram
os cabelos para cobrir o corpo,
(Às vezes
o braço esquerdo desaparecia no caos.)
E surgiram
os olhos para vigiar o resto do corpo.
E surgiram
sereias da garganta de Jandira:
O ar
inteirinho ficou rodeado de sons
Mais
palpáveis do que pássaros.
E as
antenas das mãos de Jandira
Captavam
objetos animados, inanimados.
Dominavam
a rosa, o peixe, a máquina.
E os
mortos acordavam nos caminhos visíveis do ar
Quando
Jandira penteava a cabeleira...
Depois o
mundo desvendou-se completamente,
Foi-se
levantando, armado de anúncios luminosos.
E Jandira
apareceu inteiriça,
Da cabeça
aos pés,
Todas as
partes do mecanismo tinham importância.
E a moça
apareceu com o cortejo do seu pai,
De sua
mãe, de seus irmãos.
Eles é que
obedeciam aos sinais de Jandira
Crescendo
na vida em graça, beleza, violência.
Os
namorados passavam, cheiravam os seios de Jandira
E eram
precipitados nas delícias do inferno.
Eles
jogavam por causa de Jandira,
Deixavam
noivas, esposas, mães, irmãs
Por causa
de Jandira.
E Jandira
não tinha pedido coisa alguma.
E vieram
retratos no jornal
E
apareceram cadáveres boiando por causa de Jandira.
Certos
namorados viviam e morriam
Por causa
de um detalhe de Jandira.
Um deles
suicidou-se por causa da boca de Jandira
Outro, por
causa de uma pinta na face esquerda de Jandira.
E seus
cabelos cresciam furiosamente com a força das máquinas;
Não caía
nem um fio,
Nem ela os
aparava.
E sua boca
era um disco vermelho
Tal qual
um sol mirim.
Em roda do
cheiro de Jandira
A família
andava tonta.
As visitas
tropeçavam nas conversações
Por causa
de Jandira.
E um padre
na missa
Esqueceu
de fazer o sinal-da-cruz por causa de Jandira.
E Jandira se
casou
E seu
corpo inaugurou uma vida nova.
Apareceram
ritmos que estavam de reserva.
Combinações
de movimento entre as ancas e os seios.
À sombra
do seu corpo nasceram quatro meninas que repetem
As formas
e os sestros de Jandira desde o princípio do tempo.
E o marido
de Jandira
Morreu na
epidemia de gripe espanhola.
E Jandira
cobriu a sepultura com os cabelos dela.
Desde o
terceiro dia o marido
Fez um
grande esforço para ressuscitar:
Não se
conforma, no quarto escuro onde está,
Que
Jandira viva sozinha,
Que os
seios, a cabeleira dela transtornem a cidade
E que ele
fique ali à toa.
E as
filhas de Jandira
Inda
parecem mais velhas do que ela.
E Jandira
não morre,
Espera que
os clarins do juízo final
Venham
chamar seu corpo,
Mas eles
não vêm.
E mesmo
que venham, o corpo de Jandira
Ressuscitará
ainda mais belo, mais ágil e transparente
AEDH DESEJA OS
TECIDOS DOS CÉUS*
Fossem
meus os tecidos bordados dos céus
Ornados
com luzes de ouro e prateada luz
&
o azul & o escuro & os escuros véus / da noite,
à
luz e à meia luz
Eu
os estenderia sob os teus pés.
---
Mas, sendo eu pobre, tenho apenas meus sonhos.
E
eu os estendo sob os teus pés
Pisa
devagar, pois estás pisando sobre os meus sonhos.
há um pássaro azul no
meu coração**
Ele
que quer sair
mas
eu sou muito mal com ele,
e
digo: fique aí,
não
vou deixar ninguém te ver.
-
há um pássaro azul no meu coração / que quer sair
mas
eu despejo whisky em cima dele e o sufoco com o fumo dos meus cigarros
&
as putas & os empregados de bar & os funcionários da mercearia nunca
saberão
que
ele se encontra
dentro
do meu peito.
- há um pássaro azul no meu coração / que
quer sair
mas
eu sou muito mal com ele,
e
digo, fique escondido,
quer me arruinar?
quer
foder o
meu
trabalho?
quer
arruinar
as
minhas vendas de livros?
há
um pássaro azul no meu coração / que quer sair
E
eu, que sou muito esperto,
deixo
ele sair às vezes, à noite
quando
todos estão dormindo.
Eu
lhe digo: sei que estás aí,
não
fique triste.
Saia
um pouco...
E
depois de algum tempo,
eu
o coloco de volta,
E
ele canta um pouco dentro
Do
meu peito,
Eu
não o deixarei morrer de todo
&
dormiremos juntos
&
viveremos assim
com
o nosso pacto secreto
que
é bom o suficiente
para
fazer um homem chorar,
mas
eu não choro,
e
tu?
*Yeats
*Bukowski
Cantam pássaros
exóticos no teu púbis*.
Como
espelhar graficamente
uma
melodia de sonho?
-Cantam
pássaros exóticos no teu púbis.//Como definir a breve vertigem nos momentos de
lucidez?
-Cantam
pássaros exóticos no teu púbis. // Como descrever o frémito singular
com
as palavras banais de todos os dias?
-Cantam
pássaros exóticos no teu púbis.// Cantam. Ou imagino-os // Ouço-os. Ou
adivinho-os.// Quantas decepções cabem no abismo
que
separa A Sensação de A Palavra?
-Cantam
pássaros exóticos no teu púbis.// Para nós ambos, no vórtice do delírio.
Como
ouvi-los sem ser a deliberar? // E como delirar sem os ouvir?
-
Cantam pássaros exóticos no teu púbis.// O êxtase está além do abraço
desesperado
além
dos copos do peito além da sanguessuga
labiar
além das ancas convulsivas além
dos
rostos de mármore esbraseados
-Cantam
pássaros exóticos no teu púbis.// E só ouvindo-os nos amamos como
sonhamos.
*Mário
de Andrade
* Murilo Mendes
POEMA DA BUCETA
CABELUDA*
A
buceta da minha amada
tem
pêlos barrocos,
lúdicos,
profanos.
É
faminta
como
o polígono-das-secas
e
cheia de ritmos
como
o recôncavo-baiano.
A
buceta da minha amada
é
cabeluda / como um tapete persa.
É
um buraco-negro
bem
no meio do púbis
do
Universo.
A
buceta da minha amada
é
cabeluda, misteriosa, sonâmbula.
É
bela como uma letra grega:
é
o alfa-e-ômega dos meus segredos,
é
um delta ardente sob os meus dedos / e na minha língua é lambda.
A
buceta da minha amada
é
um tesouro
é
o Tosão de Ouro
é
um tesão.
É
cabeluda, e cabe, linda,
em
minha mão.
A
buceta da minha amada
me
aperta dentro, de um tal jeito
que
quase me morde;
e
só não é mais cabeluda
do
que as coisas que ela geme
quando
a gente fode.
* Bráulio Tavares
O JARDIM DAS
MARAVILHAS*
há flores que riem
& flores que choram
há flores perfumadas
& flores que não espargem aroma
nem mesmo na primavera
há flores lindas
que umedecem ao toque
& flores que se molham
com pequenas torneiras ocultas
há flores que se apaixonam & gemem
& flores que nos fazem apaixonar
em completo silêncio
há flores malucas
que arrastam correntes nas luas cheias
& flores evangélicas
cujos templos se fecham
à espera da quarta de cinzas
há flores histéricas
que arranham & gritam
& flores ninfomaníacas
que perseguem a desidratação
há flores negras & quentes como o sol de julho
& flores louras carnívoras
que habitam shoppings cor-de-rosa
há flores ruivas que enlouquecem de tão raras
& flores indígenas, doces canibais
há flores selvagens que sabem amar
& flores de louça
que brigam por qualquer coisa
há flores tatuadas & doidas
& há flores mansas & lisas
há flores aparentemente glaciais
que se fecham com espinhos
& pétalas de cristal
só para esconder seus pistilos incríveis
que são como detonadores de bombas atômicas
há flores
que se deixam polinizar pela poesia
só para ganhar o ar
com suas plumas leves
há flores intuitivas
que adivinham tudo o tempo todo
& só se enganam quando por acaso
Meditam
há flores que beijam & flores que chupam
& há flores que beijam & chupam de tal
jeito
que nunca se sabe o que realmente está acontecendo
há também flores que caem do céu
& flores que deixam o mar todo eriçado
há flores que destilam frases, provérbios, ditados
& flores que de tão lindas nem precisavam nem
falar
há flores que dançam fazendo o vento parecer
ingênuo
& há flores canoras que se negam cheias de
romantismo
há flores trepadeiras
que enroscam seus liames incendiários
& flores aquáticas que transbordam seivas
aromáticas
há flores que se arvoram
& flores que mergulham
há flores alucinógenas
& flores voluntárias da pastoral da sobriedade
há flores delicadas elegantes como pássaros
& há flores ferozes que atacam como tubarões
há flores sombrias & evanescentes
& há flores concretas que ofuscam até o sol do
meio-dia
há flores inefáveis
flores infindas
flores mágicas
flores místicas
flores ardentes
flores lânguidas
flores psicotrópicas
flores narcóticas
flores calmantes
flores exóticas
flores inebriantes
flores radioativas
flores do campo
flores cosmopolitas
flores litorâneas
flores divinas
flores malditas
flores esquecidas
flores que se acham
flores perdidas
flores impávidas
flores altivas
flores siderais
flores etéreas
& até angelicidas
- há flores de pedra
flores atrevidas
raras
vulgares
hortências
orquídeas
margaridas
gérberas
girassóis
violetas
amapoulas
afelandras
lantanas
crisântemos
anêmonas
bromélias
aráceas
tilandísias
passifloras
amores-perfeitos
lótus
helicônias
papoulas
madressilvas
tulipas
jasmins
peônias
lírios
nenúfares
açucenas
prímulas
camélias
rosas
lúcias
amélias
lucianas
márcias
carolinas
franciscas
marias
micheles
flávias
cristinas
marinas
júlias
karinas
camilas
katrinas
rosanas
giseles
genis
artemísias
angélicas
sáskias
glendas
priscilas
marílias
danielas
diabólicas
líricas
sagazes
luminosas
audazes
gozosas
satíricas
fantásticas
apaixonantes
exatas
admiráveis
perfeitas
francesas
alemãs
espanholas
polacas
italianas
croatas
flores norte-americanas
inglesas
coreanas
uruguaias
bolivianas
chinesas
mexicanas
austríacas
intergalácticas
argentinas
felinas
esguias
canídeas
aladas
que arranham
que lambem
que requebram
que mordem
sestrosas
ciganas
tupiniquins
há flores tantas
há flores tamanhas
há flores incontáveis, indizíveis
há flores a não
ter mais fim
Encontre aquela a quem
você possa dizer: só você me interessa.**
A vida fica mais fácil se a gente
sabe onde estão os beijos de que precisamos.***
*Marcello
Chalvinski
**
Ovídio
***
Mário Quintana