O alfabeto das
árvores
vai desmaiando na
canção das folhas
as hastes cortadas
das finas
letras que escreviam
o inverno
e o frio
iluminaram-se
de verde vivo
com
a chuva e o sol
As regras simples
e rigorosas dos ramos
retos
vão se alterando
por íntimos
retoques de cor, cláusulas
devotas
os sorrisos do amor
até que as frases
nuas
se movam como o corpo de
uma mulher debaixo do vestido
e louvem com secreto
desejo
a supremacia do amor
no verão
No verão a canção
se canta
sobre as palavras amortecidas
Poema: William Carlos Williams
Tradução - Marcello Chalvinski
Arte: Tom Colbie